Geografia

10º Vídeo - Cap. 10 Invenção do Brasil - O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

   O povo, ao negar sua ninguemdade, se fez brasileiro. Um novo gênero humano, a humanidade dos trópicos. Os povos se interpenetraram pelo amor e pela força, deixando a marca humana de paixões e conflitos, de paz e tranquilidade.
   A narração nos fala da subversão que o projeto português veio sofrendo com a realidade dos trópicos e a presença da força ameríndia e africana. E continua, - nada aqui permaneceu puro. Um povo mestiço, misturou deuses e mais uma outra realidade, uma nova língua: o português do Brasil.A uniformidade nas diferenças marcou um conserto de uma grande beleza, que aos poucos foi amadurecendo. A narração nos alerta que esse processo não foi nenhum mar de rosas.
  Por excelência seríamos cordiais, gentis e pacíficos. Não foi bem assim. Os conflitos foram de toda ordem: étnicos, econômicos, sociais e religiosos. O assinável, é que nunca houve conflitos puros. Cada um se pintou com as cores dos outros. Houve entre-choques de índios, negros e brancos e sempre vivemos em estado de guerra latente. E muitas vezes esses conflitos se tornaram cruentos e sangrentos, houve luta em toda parte, porque diferentes eram os povos e os destinos dessas gentes. O Poder central sempre dominou a todos.
  Como exemplo de conflitos, a narrativa do vídeo nos põe em contato com a Cabanagem. Os povos nativos e com vida autônoma entram em conflito com a estreita camada lusa e com o seu projeto de país. O resultado foi um grande genocídio. Mais de cem mil caboclos foram mortos, embora, nas lutas tivesse havido grandes conquistas, apoderando-se inclusive de cidades como Belém e Manaus. Estes caboclos foram trucidados para que a Amazônia continuasse amarrada ao Brasil. Fizeram o anti natural para que aquela gente fizesse parte de nossa gente.
  Palmares também é lembrada. Um caso típico de um conflito inter racial. Negros fugidos dos canaviais se organizaram para viverem para si. Já tinham esquecido da África e fizeram uma república bem brasileira, socialista, comunitária onde tudo era de todos. Só que fizeram isso da única forma possível: primitiva, rudimentar, desordenada e desarticulada e, como os cabanos também foram trucidados.
  Canudos é comentada. A herança portuguesa é lembrada. O mito do sebastianismo. Como seu corpo nunca fora encontrado nos campos de batalha, ele voltaria forte, jovem e formoso. É uma das heranças mais bonitas que temos. Ele viria com seus exércitos para redimir o seu povo, matando os fazendeiros, os donos da terra, a gente canalha. Isso povoava a imaginação dessa gente. E eles poderiam plantar para comer. As crenças mais diversas se concentraram na figura de Conselheiro, com seus bandos de beatos. E os fazendeiros se apavoravam, não diante de sua religião, de seu misticismo. Se apavoravam com a ideia de que eles fariam as suas roças e comeriam o que plantavam e, ninguém mais faria isso para eles. Foram acusados de monarquistas e contra elas foram levados os exércitos e os canhões. Ao final o que encontraram? Algumas mulheres e crianças. Tinham matado todos.
  A narração nos dá indícios para a conclusão do vídeo, mostrando que entre encontros e desencontros é que inventamos um povo e um país e também uma língua nova, o português do Brasil. E como a história continua, também continua a invenção do Brasil, com as fusões genéticas, técnicas e simbólicas. Mas o Brasil deu certo? Muitos acham que não.  Quem acha que o Brasil não deu certo, olha apenas indicativos objetivos e busca comparações com os Estados Unidos. Muita coisa não deu certo mesmo, outras deram e muitas outras ainda poderão dar.
  O que queremos? E a resposta é tão simples. Queremos fazer o país habitável, queremos ser felizes, alegres, amorosos, afetuosos e comer todos os dias. É um absurdo, um país tão grande e tão rico ter tanta fome e tanta criança abandonada. 
  Que a beleza da natureza brasileira seja o símbolo  maior de nosso futuro de prosperidade e grandeza.
  Nós temos que inventar o país que queremos. Além disso se o Brasil sempre deu certo como empresa para os outros, - por que ele não pode dar certo como Nação, para si próprio, para a sua gente, a nossa gente? 

9º Vídeo - Cap. 9 O Brasil Caboclo - O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

  Ao longo de todo o capítulo são mostradas a florestas e os rios, os produtos nativistas e os peixes, bem como manifestações de fé deste Brasil caboclo.
   No Brasil mais profundo, encontramos o Brasil Caboclo.
   Muitos índios e poucos portugueses, misturados pelos jesuítas, eis a origem do nosso caboclo, que habita no lugar de beleza incomparável, beleza só nossa e de alguns vizinhos, a beleza da Amazônia. O chamado Jardim da Terra, de uma extensão imensa. Lá impera a exuberância e o mistério, o mito das riquezas, do ouro e da prata. Das mulheres guerreiras, de gigantes e de anões, das drogas e das plantas fantásticas.
  A chegada dos europeus representou a catástrofe. As doenças que trouxeram entraram no corpo dos índios para dizimá-los. Foi o sarampo, a bexiga, as cáries dentárias, a caxumba e as gripes. todas mataram grande número de índios. Os que sobraram foram transformados em escravos, para a coleta das drogas do sertão, ou então ficaram sob o controle da catequese de jesuítas, carmelitas e franciscanos.
  Este caboclos se transformaram em índios genéricos, sem língua própria, sem identidade. Uma enorme massa de índios, de poucos brancos e negros formou uma nova matriz étnica. Falavam o tupi, uma língua estrangeira que lhes foi trazida pelos jesuítas. O português era apenas a segunda língua, que foi se firmando, graças aos esforços, no segundo reinado. Viviam das drogas do sertão e da abundância da natureza, da forma mais rudimentar e primitiva.
 A partir de 1880 ocorreu a primeira grande transformação, que marcou o seu maior florescimento econômico. A borracha abriu um ciclo econômico vinculado com a exportação, com a Europa. Para lá é que eram drenados todos os recursos. O seringueiro levava uma vida desgraçada e que conheceu uma nova forma de exploração, o sistema de aviamento. Ele recebia adiantadamente as mercadorias que precisava, poucas na verdade: comida, roupas, pólvora,  e pagava depois, mas nunca conseguia pagar. As contas sempre pendiam para um lado só. Manaus transformou-se na capital mundial da borracha e Belém na capital da Amazônia.
  Depois da primeira guerra o cenário muda. A Malásia domina o mercado da borracha e aqui ocorre a debandada. Empresários se suicidam, casas e palácios começam a ruir e Manaus, a primeira cidade brasileira a ter telefone, energia elétrica e bondes, na década de cinquenta nem energia elétrica mais tinha. Um novo período de desastres se reabrirá com o projeto dos militares golpistas. Queriam integrar a Amazônia, loteando-a para os grandes grupos internacionais. Com a Transamazônica queriam levar a modernidade à região. Mas só inauguraram uma nova via Crucis de conflitos agrários e de destruição de áreas indígenas. A desintegração e os conflitos tomam conta da região. A contradição é percebida e os povos da floresta se organizam. A morte de Chico Mendes representa simbolicamente todo este conflito.
  Até hoje a civilização se mostrou incapaz de produzir um sistema de viabilidade econômica às condições da floresta tropical. . O Brasil precisa vencer o desafio da Amazônia e tem que mostrar ao mundo, que nem tudo é mercado e competição e que o índio precisa de medidas especiais de proteção, para que as populações do Brasil Caboclo não sejam reduzidas à condições de vida de extrema pobreza.

8º Vídeo - Cap. 8 O Brasil Sulino - O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

 O Brasil sulino é uma região muito diferente, como é diferente entre as suas próprias regiões.A sua povoação teve quatro origens básicas, culturas que resistiram, mas acabaram se mesclando. São elas: os missioneiros, os provenientes da gadaria, portugueses e açorianos e , num termo genérico, os gringos.
   As Missões são algo impressionante. Se formaram pelo encontro dos jesuítas espanhóis, com um projeto bem definido, com os índios guaranis e, com este encontro, uma utopia se fez realidade. Os jesuítas transformaram índios  guerreiros e de ritos antropofágicos em índios seráficos e piedosos, que confessavam diariamente as suas mais recônditas vontades e os mais profundos desejos, que por sua vez recebiam a censura e a repressão dos padres, com a triste ideia do pecado. Centenas de milhares de pessoas entraram neste projeto. O projeto de Deus estava realizado! Além de um projeto político, era também, um projeto espiritual, de conquista de almas. Judith Cortesão nos relata que este foi um dos projetos de lavagem cerebral mais bem sucedidos. Porém, um dos mais abomináveis, ao se desfazer uma visão de mundo e promover o desenraizamento cultural. O índio já não era mais índio.
   Mas quem apanhou com este projeto espiritual, foi o corpo. Eles perderam a capacidade de lutar, de se defender. Os mamelucos bandeirantes viram estes índios e o seu trabalho disciplinado e os transformaram em presas. Formaram bandeiras, verdadeiras cidades ambulantes, com até duas mil pessoas e mais de trezentos mil catecúmenos missioneiros se transformaram em mercadoria, que ainda por cima se auto transportava, para os canaviais e os engenhos açucareiros.
   A outra matriz gaúcha veio da gadaria, do gado trazido pelos espanhóis e que ficou meio largado, meio sem dono, pelos pantanais e pelos charcos. Do cuidado com este gado surge o gaúcho típico, bem característico e orgulhoso de sua condição. Estes gaúchos já não eram índios, nem espanhóis, foram formando uma etnia nascente, unificada em torno do pastoreio, da gadaria, e de usos e costumes comuns.Mas os portugueses também estavam presentes. Eles já estavam em Laguna, o extremo sul português de então.Vendo as fronteiras de hoje, entendemos os êxitos do empreendimento expansionista. Duas foram as raízes portuguesas, a dos açorianos e a dos poveiros, navegadores e pescadores de Póvoa de Varzim, do norte de Portugal. Açorianos e portugueses transformaram as invernadas em estâncias e a espontaneidade cedeu para a racionalidade e, o gaúcho campeiro cede espaço para o escravo negro. Dos negros foi herdada a festa de Navegantes, uma das maiores festas do sul, e os candomblés, numerosos em Porto Alegre e na cidade de Rio Grande.A quarta presença no sul é a dos imigrantes. Alemães, italianos e poloneses foram trazidos pelo governo, para povoar as áreas vazias entre a fronteira e as cidades. Formaram núcleos culturais bastante fechados, fechados até hoje. Assim temos os alemães dos vales dos rios dos Sinos e Itajaí e os italianos da região da serra gaúcha, tendo em Caxias do Sul, o seu maior núcleo. Em menor número vieram os poloneses e os ucranianos. A urbanização e a industrialização se encarregou das fusões e unificações.
  As famílias se multiplicando e as terras se tornando pequenas e poucas, formando uma população excedente. E o antigo gaúcho se transforma em peão, carrapato, xanga, reserva de mão de obra. Mas no sul se forma um dos mais fortes conceitos de Nação. Nação, formada de território e de instituições soberanas, mas acima de tudo por um sentimento de pertencimento, alicerçado na memória que transforma o sul no mais vasto e rico, plástico e vital laboratório de aculturação. E este sentimento, que cultiva o regional, sem jamais abandonar o nacional.

7º Vídeo - Cap. 7 O Brasil Caipira - O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

   Quem é o caipira? O da paulistânia. Trata-se de uma outra área cultural, seguramente a que mais transformações, de toda ordem, recebeu. Não se trata, daquele sujeito de hábitos não civilizados, que pejorativamente chamamos de caipira, mas de um dos personagens mais característicos na formação de nossa gente. É aquele morador que sobrou dos primórdios da colonização de São Paulo, resultado do cruzamento do português com as índias. Esta gente andeja perambulou por aí, com o sertão no horizonte e um sonho fixo na mente. Falavam a língua geral, uma elaboração dos jesuítas, sobre o tupi guarani. Só não se tornou a língua oficial pela imposição de Portugal. Primeiramente, por século e meio, aprisionaram índios para mandá-los como escravos para os engenhos, até que um dia, um negro encontrou algo também negro, que o branco descobriu ser ouro.
  Do nada, 300.000 pessoas acorreram para o ciclo do ouro. Quando o ouro se acabou, a diáspora espalhou essa gente, para áreas de novas minas (Goiás e Mato Grosso), mas muitos foram ficando. Fizeram roça, plantaram milho, criaram porco, galinha e vaquinhas. O queijo também fazia parte de seus fazimentos. Eis o povo caipira alguns se fizeram fazendeiros, latifundiários, exportadores. Permaneceram no mercado e moraram em cidades. Mas a maioria saiu do mercado, vivendo em suas rocinhas, produzindo para si mesmos. Os orgulhosos bandeirantes, agora atrofiados, se transformaram nos caipiras.
   A nova transformação veio com o café. Florestas são derrubadas e a sina da escravidão se estende agora para a cafeicultura. E, culturalmente, novas fusões se fazem, com a incorporação da cultura afro, rumo a uma indiferenciação, pela unificação. O Vale do Paraíba é o grande cenário. Este cenário se modifica com a abolição e a imigração. Vejam bem, até aqui, todo o trabalho regular, sistematizado, e já estamos no final do século XIX, (1888), era trabalho escravo, trabalho tratado a chibata. Mas o que se fez com o negro, para integrá-lo a uma sociedade classista e competitiva? Não tenho espaço, aqui, para tratar da questão. O imigrante não teve sorte muito melhor mas, ao menos, já estava habituado com o trabalho assalariado.


   Como a população era escassa e móvel, os assentamentos populacionais foram feitos de uma forma extensiva. O que os unia e congregava era o bairro, como conta Antônio Cândido, pela voz de um velho caipira; "O bairro é... uma naçãozinha". O bairro era onde se assentava a coesão social. No bairro ele satisfazia suas necessidades, se praticava a solidariedade dos mutirões e aí eram feitas as festas. Muitas festas, festas da santa cruz, festas de São João, festas caipiras. Se mantinha uma erudição portuguesa do século XVII. Do gosto pela festa, somado com a vida simples da auto suficiência que levava e, com a incorporação do hábito indígena da caça e da pesca, ele ganhou a fama de preguiçoso. O Jeca Tatu.Mas esta sociedade de auto suficiência, do queijo, do franguinho e do porquinho, da rapadura, da cachaça e do fumo, da produção artesanal, sofrerá a sua última grande transformação. Estamos na metade do século XX. Esta cultura é assolada pela transformação da industrialização. De fora lhe é trazido um modelo, uma sociedade de mercado, que lhe mostra produtos, para os quais não tem dinheiro para comprar. A vida no campo também muda, com uma completa reestruturação das atividades agrícolas e pastoris. Ocorre o êxodo rural. Não porque a cidade tivesse empregos e atrativos, até a escola que era boa, fica ruim. O que existe é um enxotamento. O caipira vem para a cidade para exercer funções subalternas, servente de pedreiro na construção civil, porteiro, soldado, e vai morar na periferia.  Vai viver desolado. Subordinado ao mercado. Todos querem as coisas do mercado mas como comprar as mercadorias sem ter o dinheiro. Só lhe resta cantar as saudades e as mágoas.  
   E a sociedade se desintegra. O poder não funciona mais. As instituições não dão mais conta de nada.

6º Vídeo - Cap. 6 O Brasil Sertanejo - O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

 

  O sexto capítulo é dedicado ao Brasil mais sofrido, mas que endoidou de ficar bom, nos diz Darcy, ao falar do cultivo de frutas, no São Francisco.
O sertão brasileiro tem origem na criação do gado, no nordeste que vive situações extremadas. A caatinga é a natureza mais hostil que existe para o ser humano, o lugar mais difícil de se viver. Sem chuvas e quando chove ela é irregular e pouca. A terra não a absorve, pois é um chão de argilas secas em solo raso e pedregoso. Sua vegetação é a espinhenta caatinga. Surgiu num surto de interiorização, com a criação de gado, criação esta impossível, junto aos canaviais. O gado foi então levado para as terras imprestáveis, sem água, um boi em cada dois alqueires de terra. Mas havia um pouco de água e a teimosia humana insistiu em ali ficar. O boi era mercadoria boa, nos diz Darcy, que como os escravos não precisa de transporte. Ele se auto transportava. E deste sertão se fez criame de gado e de gente, de uma gente diferente, o sertanejo. Ameríndios, brancos e mestiços, de São Paulo e da Bahia foram alargando nossas fronteiras agrícolas, sob a permanente ameaça do sol. Ali se criou um homem forte, resignado e prático, preparado para a luta. Estamos no século XVIII e começando pelo Piauí. Entramos no ciclo da pecuária extensiva, com as marcas do couro, do latifúndio, do misticismo e do coronel, este de faca e de fuzil.
O couro era onipresente: de couro era a porta das cabanas, o leito no chão duro, o lugar de guardar roupa, a bainha da faca, o mocó de carregar comida, a esteira onde se arrastava terra para a construção de açudes, e a roupa para adentrar ao mato, e muito mais. Formou-se uma civilização em torno do couro. O espírito do sertanejo tinha uma espécie de ligação direta com o mundo medieval, uma cultura de arcaísmos. A poesia popular, manifesta pelo cordel reflete este mergulho na Idade Média. No espírito cultivavam o ascetismo (devia ser difícil), o milenarismo e até o sebastianismo. Viviam um cristianismo português, la´da profundidade. Um rei voltaria com seus cavaleiros para salvar o seu povo. este espírito era a sua resistência, para esta insurreição da terra, contra a presença nela do homem. E quando os pássaros abandonavam a área, a seca estava anunciada. Era o prenúncio de desgraças mil.
  A seca acabava com tudo, homens e animais. Aos homens cabia a fuga do sertão e assim levas de gente foram abrindo novas frentes agrícolas ou povoar as cidades, se empregando em tarefas que não exigiam classificação, na construção civil e na indústria.

O coronelismo gerou a sua antítese, o cangaço. O enfrentamento ao coronel tinha os seus símbolos: cabelo comprido, a estrela de Salomão no peito, os dedos cheios de anéis e as cartucheiras. 
A sua religião era puro misticismo e superstição (Os padres não enfrentaram a dureza do sertão?). Era cheia de demônios, de malditos, de lobisomens. A religião era tão trágica, tão machucada de espinhos e tão torturada pelo sol, quanto a própria paisagem.
 Premido pela seca, o sertanejo se fez força de trabalho, sem preparo, amargando situações difíceis nas cidades, onde se prolongou o seu sofrimento do sertão. Ou então se embrenhou no Brasil profundo, sempre fugindo da seca e sempre sonhando em voltar. Hoje ele é encontrado no Brasil inteiro e o transporte e os meios de unificação também vão unificando culturas. Como heranças culturais nos deixaram o couro, a carne de sol, o baião e os trios nordestinos, com o tradicional acordeão, o triângulo e zabumba. 
O sertão nordestino e o nele viver é maior lição que o sertanejo deixou, para nossa geração ávida de consumo e que tudo encontra em shoppings. Quem viveu as agruras do sertão, está apto a viver em qualquer lugar do mundo, acostumado que está em lidar com as dificuldades. Com as modernas tecnologias é possível levar água ao sertão, hoje um dos melhores lugares do mundo para produzir frutas,como nos demonstram as culturas das margens dos Rio São Francisco.

5º Vídeo - Cap. 5 O Brasil Crioulo - O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro 

  O quinto capítulo do vídeo começa com a apresentação de dados por Darcy Ribeiro e Chico Buarque. Darcy nos fala, que ao longo dos séculos XVI e XVII, a economia açucareira era a mais forte expressão econômica da época, equivalente à do petróleo nos dias dias de hoje. Toda ela foi construída em cima do regime escravagista e este mercado de escravos movimentou, em quatro séculos, mais de cem milhões de negros, dos quais doze milhões "foram trazidos" para o Brasil, dos quais a metade morreu e a outra metade foi "gasta" no processo, expressão usada por Darcy. 
  Chico, agora comentarista e não leitor, como nos outros capítulos nos conta que a criatividade negra se tornou expressão dominante e que se expressa gloriosamente nas regiões para as quais os negros mais afluíram, como na Bahia, Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Depois desta apresentação o vídeo passa a mostrar as raízes da cultura negra, a sua permanência, mesmo com toda a repressão, e a sua constante reinvenção e a  sua presença nos dias de hoje, já como a cultura brasileira. A cultura negra manteve a sua força, mantendo-se paralela a cultura branca dominante. Faziam as suas festas, nos dias de festa dos brancos, quando os instrumentos de vigilância se afrouxavam nas senzalas. Quando as manifestações exteriores eram tolhidas, as cultivavam no espaço intangível da interioridade.
   Os destaques da herança são para o vocabulário, enriquecendo-o e lhe dando maior expressão linguística e mais beleza. Na música nos deram ritmos, o berimbau e a cuíca, enquanto regavam a nossa comida com o azeite de dendê e a tornavam "quente" com a pimenta malagueta, além de a enriquecerem com a banana e o quiabo. Acima de tudo deram o sabor ao nosso peixe e à nossa galinha. Se mostraram os verdadeiros donos da terra ao se apoderarem da cozinha. Mas acima de tudo nos legaram a sua herança cultural e espiritual.A cultura baiana é essencialmente uma interação entre o ser humano e a natureza, manifesta pela espiritualidade. Fragmentos da natureza são as suas divindades. Iemanjá é a deusa do mar, Iansã a do vento, Xangô, o do fogo. A terra é o palco dos deuses e nela, os humanos pedem às divindades a saúde , a beleza, a fertilidade e a riqueza. Este Brasil crioulo também nos legou três das nossas maiores festas: o candomblé, as festas de Iemanjá e acima de tudo o Carnaval.


4º Vídeo - Cap. 4 Encontros e Desencontros O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

A primeira parte do vídeo, fala do cunhadismo. Que foi um momento tomado por atitudes individuais que aconteciam ao acaso, que deu lugar á colonização oficial, a segunda parte, com a presença de um projeto de Estado. A primeira parte é marcada pelo encontro e desencontro entre portugueses e indígenas e a segunda parte com a vinda para o Brasil dos escravos africanos para a economia açucareira.
Esse quarto capítulo é dedicado ao encontro e desencontro de portugueses, índios e negros, na gênese do povo brasileiro.
   A cultura brasileira é descrita como uma cultura de retalhos, guardados pelo povo, um povo novo que vai se miscigenando no corpo e no espírito. A primeira contribuição é a do índio nativo, que ensina o viver na floresta ao português, e desta primeira sementeira humana, acrescida depois pela presença negra, se forja uma fusão de corpos e mentes, que irá produzir o novo. Uma fusão genética sem freios e sem pecados, numa mistura de todas as taras e todos os talentos. Nesse processo, identidades milenárias foram se encontrando, se misturando, perdendo a originalidade na criação do novo, algo muito original. Dai vem a origem da formação do povo brasileiro, essa fusão continua existindo.
   Darcy nos explica melhor o que foi a economia fundada no cunhadismo. O português, ao prenhar uma índia, torna todos os índios, seus cunhados e eles passam a trabalhar para ele. Deliciosamente nos conta que o casamento de João Ramalho com Bartira foi uma crassa e piedosa invenção dos jesuítas. João Ramalho e cada um de seus filhos teve mais de trinta mulheres, trinta, apenas um modo dizer. Os filhos assim nascidos perdiam parte da raiz, tanto índia, quanto portuguesa. Um novo povo estava se plasmando.O encontro dos diversos, formando o diferente. Assim termina a primeira parte da aventura Brasil e se inicia a sua colonização, por dois núcleos. O de João Ramalho, em Piratininga e São Vicente  e o de Diogo Alvares, o Caramuru, em Salvador, nas proximidades do Farol da Barra. Isso ocorre essencialmente em função da cobiça que a terra provocou nos franceses e nos holandeses. Assim o Brasil sai de sua economia cunhadista e entra em seu ciclo da economia escravista.
  Havia dois projetos fundamentais; o da Coroa, com a exploração mercantilista e o dos religiosos, diga-se dos jesuítas, que queriam fundar uma república pia. Passamos a ter a escravidão e a catequese e uma hecatombe,  como consequência. Genocídios e etnocídios. Os índios foram gastos, no dizer de Darcy, pela escravidão e pelas doenças brancas, as diferentes pestes, uma verdadeira guerra biológica.
O tráfico escravista era uma prática do comércio internacional da época, fonte de bons negócios. os navios tumbeiros traziam os escravos negros, mais adaptáveis em função de viverem em um outro estágio, eram considerados como mais adaptáveis. E vinham também, Darcy nos conta, molecas, meninas de doze a treze anos, para a satisfação dos portugueses. Assim foram gerados os mulatos. Estes já não eram, originalmente, nem negros e nem portugueses. De novo, um novo povo se formando e, em meio a muitos sofrimentos, os desencontros.
No Brasil foi se perdendo a ideia do puro, ideia maléfica das doutrinas da eugenia, pela qual estaríamos eternamente condenados. Aqui estávamos diante do desafio da mistura, tínhamos que inventar uma nova maneira de estar no mundo. É um Brasil se fazendo a si próprio. E justiça seja feita.


3º Vídeo - Cap 3 Matriz Afro -  O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro


  No início do vídeo, é revelado que a África foi o primeiro país habitado, provavelmente, onde sempre abrigou muitos povos diferentes, todo o povo brasileiro tem referencias africanas,os Bantos produziam objetos e praticavam agricultura, eles tinham conhecimento sobre a  escravidão, por toda África e pelo Brasil espalharam-se deuses metalúrgicos, acreditavam em dois mundos, dos seres e de Deus, cultuavam constantemente os ancestrais.
  No reino do congo existiam três órgãos, aristocracia, os homens livres e os escravos, o rei não se confundia com o comum dos mortais, ao cometer incesto com irmã, tornava-se o sem família, o que o tornava capaz de governar todas as famílias, e lhe dava direitos mágicos, ele usava vestes especiais, era endeusado.
  A África era um continente de escravos e senhores de escravos.
  Vieram ainda outros negros que já tinham contatos com os árabes e, foram estes os que mais bravamente lutaram contra o serem transformados em meras máquinas do plantio e da colheita agrícola. Foram os que mais ferrenhamente lutaram contra a escravidão.


2º Vídeo - Cap 2 Matriz Lusa -  O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

  Logo no início do segundo vídeo, faz-se referencia ao sonhos do Príncipe Dom Henrique, este colocou Portugal na linha de frente dos povos e seu incentivo à navegação e os inventos decorrentes, um navio de luxo foi responsável pelo vanguardismo dos portugueses nas navegações, estas naus tiveram importância histórica maior para a humanidade do que as naves espaciais dos dias atuais. Além disso, Portugal transformou-se na primeira Nação dos tempos modernos.
   Portugal, formada por uma estreita faixa de terras entre o mar e a Espanha, com em torno de um milhão e meio de habitantes, para sobreviver, foi quase que obrigada a se aventurar no mar. E lançou-se realmente ao mar, utilizando as experiências incorporadas de árabes e de judeus, se tornou um país de navegadores e conquistadores.
  É descrita a cultura portuguesa, a maior influência que Portugal recebeu, veio dos Árabes, inclusive, existe uma tese de que Portugal é mais Árabe  do que latino.
  A nação portuguesa se formou essencialmente no combate com os espanhóis, na luta pela manutenção de suas fronteiras e na luta pela expulsão dos árabes. 
  Voltando ao Príncipe Dom Henrique, esse acreditava em três reinos, de acordo com a trindade, no passado muito muito distante o reino de Deus pai, o antigo testamento, o reino do filho era o tempo do Novo testamento e o futuro seria representado pelo Espírito Santo, o reino do espírito santo seria o paraíso terrestre. Essa ideia foi pesadamente combatida pelo catolicismo.
  Agostinho da Silva fala mais desta visão do reino do Espírito Santo, seguramente, uma festa de origem portuguesa. No dia do divino havia um grande banquete e se soltavam todos os presos, simbolizando a visão do reino sem males e de fartura, um paraíso terrestre. A festa teve mais permanência no Brasil, porém o banquete deveria ser diário e a não existência dos presos representaria uma ausência de males. Esse era um projeto de estado de Dom Henrique.
  O uso de escravos índios e africanos se tornou a marca da expansão comercial portuguesa, Portugal se torna o grande entreposto do mundo.
Termina o vídeo com Darcy dando sua opinião sobre termos sido colonizados por portugueses, ele acreditava que fomos colonizados pelo povo mais avançado que existia na época, e embalados num sonho mirabolante de grandeza, de um reino novo, governada pelo Espírito santo, com banquetes e sem maldades. Isto é surreal, mas acima de tudo, muito lindo!

 

1º Vídeo -  Cap.1/Matriz Tupi/O Povo Brasileiro/ Darcy Ribeiro

    Esse primeiro vídeo fala sobre a nossa origem aqui no Brasil, sobre como o nosso país era apreciado por sua beleza, os índios aqui encontrados eram chamados de "Brasis" .
    Fala sobre a marcha dos Tupis Guaranis e sua distribuição de cultura e povoado, sua influência sobre as paisagens, adaptando a terra para eles, sabiam como sobreviver em caso de necessidade, eles eram autossuficientes, esses índios podiam sobreviver por si sós, em todos os aspectos.
    Fala sobre os Tupinambás, o povo que teve mais contato com os europeus, se dedicavam muito a guerras e festas, eles acreditavam em vida após a morte, em um paraíso, constituído de cantos e danças, tudo era muito ligado a espiritualidade. Em sua moradia, não haviam furtos e havia muito respeito. A sexualidade era muito livre, a não ser para as mulheres, que em caso de adultério podiam ser espancadas, a homossexualidade era comum e não precisava ser escondida. Como na maioria dos lugares, as mulheres também eram induzidas a tomar gosto por tecer, preparar bebidas e os homens a guerrear e fazer armas. Dentro da guerra, eles capturavam os inimigos, faziam um ritual com eles, onde dançavam e festejavam, e depois executavam e comiam os inimigos.
   Sobre índios urubus ka'apor, esses ainda estão vivos! Nessa tribo, todos tem conhecimento e o compartilham, sem interesses pessoais ou políticos. Existe um chefe de tribo, porém ele não dá ordens a outros índios, não mandam uns nos outros. A linhagem é muito importante pra eles.
   Estabelece-se uma relação feita por um índio, que todos somos parentes, que herdamos muito dos índios, costumes como tomar banhos diários, porém eu percebo que o mais importante nós não herdamos, a capacidade de viver em paz como sociedade.

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Sobre redes urbanas...


Rede Urbana é o conjunto de muitas redes aglomeradas, basicamente um grande conjunto de cidades.(uma bagunça)

Megalópolis se caraterizam por , a existência de uma vasta extensão territorial com alto grau de urbanização e conurbação de vários núcleos urbanos , formando um espaço economicamente adensado e integrado. Concentram também atividades econômicas de alta produtividade, centros de produção de conhecimentos, de inovação e também de cultura e lazer. 


















Acredito que,a tecnologia assim como a população continuará a se expandir, a Grande São Paulo está mal administrada por limitações políticas passadas, e mesmo agora, seria muito difícil organizar uma cidade tão povoada a ponto de reunir 39 municípios. E mesmo com tanta bagunça, nosso Brasil é lindo.


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